Este blog tem como finalidade,trocar informações com professores alfabetizadores e tambem receber e enviar atividades e dicas para trabalhar em sala de aula.
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
quarta-feira, 21 de julho de 2010
domingo, 11 de julho de 2010
domingo, 27 de junho de 2010
quarta-feira, 9 de junho de 2010
Geração Y
Juventude conectada desafia modelo tradicional de ensino
Especialistas em educação fazem um alerta: a escola precisa mudar
para acompanhar o ritmo da chamada geração Y
Se um estudante do século 19 voltasse às aulas hoje, como boa parte dos alunos gaúchos, provavelmente se espantaria com o comportamento dos colegas e com a parafernália eletrônica que carregam nas mochilas, mas reconheceria de longe a sala de aula: o quadro negro, as fileiras de classes e a figura do professor à frente da turma lhe pareceriam muito familiares. Enquanto a geração do século 21 nasce plugada e desafia os modelos tradicionais de educação com inéditas formas de pensar e de aprender, a escola que se propõe a ensiná-los pouco se modernizou nesses dois séculos.
Diante do choque inevitável entre alunos digitais e um modelo de ensino analógico, especialistas alertam para um momento de ruptura: se quiserem continuar cumprindo seu papel, as instituições de ensino precisam se reformular. E para isso não adianta apenas investir em laboratórios de informática. É necessário repensar desde a maneira de se relacionar com os alunos até a geografia da sala de aula. Em vez de taxar os alunos de inquietos ou desinteressados, é preciso investigar o porquê dessa aparente apatia.
– Isso que a gente chama de indisciplina, desinteresse, apatia deve ser um motivo para mexer na qualidade da aula. Essa geração fuça, mexe, pluga, implode a escola que tem o modelo de aula dos séculos 18, 19 – adverte o professor e pesquisador Adriano Nogueira, que trabalhou com Paulo Freire e assina com ele diversos livros sobre educação, entre eles Que Fazer? – Teoria e Prática em Educação Popular.
Chamados de geração Y por sociólogos, os nascidos depois de 1980 são identificados por uma inquietação permanente, alimentada pela crescente velocidade das redes a que estão conectados. As mudanças são tão aceleradas que já há quem identifique uma geração Z. Segundo o pedagogo e conferencista Hamílton Werneck, autor de livros como Se Você Finge que Ensina, Eu Finjo que Aprendo, ela seria formada pelos nascidos depois de 1994.
– A Z é uma espécie de geração Y mais turbinada, está muito mais conectada no cyberespaço, e a escola está ficando para trás. O problema é que esses alunos também sofrem os efeitos da dispersão. Eles começam pesquisando sobre o Delta do Rio Parnaíba na internet, entram num link sobre o delta do Nilo, daqui a pouco já estão lendo sobre a última pesquisa do DNA de Tucancamon e não fizeram a pesquisa original. A escola tem um papel importante nessa mediação, ajudando a discernir informação – diz Werneck.
Para Paulo Al-Assal, diretor-geral da Voltage, agência de pesquisa especializada em tendências, com sede em São Paulo, um dos problemas da escola atual é que ela mata a criatividade, ao padronizar alunos em seu modelo fabril. E a criatividade é justamente a principal exigência do futuro.
– Minha filha de oito anos assiste Discovery, Geographic Channel, acessa multiplataformas. Aí vem a professora no primeiro dia de aula e diz: “a pata nada”. Em seu formato atual, a escola mata a criatividade – critica Al-Assal.
Tudo ao mesmo tempo agora
A estudante Daniela Guerra Cotta, 11 anos, ouve em seu iPod as músicas que baixa da internet, conversa no MSN com as amigas enquanto se diverte com o jogo virtual Club Penguin. Orgulhosa, mostra o livro que escreveu e postou no site Bookess. Com o título O Livro Premiado, é uma história com “concursos, romances, paixões secretas, bailes, emoções e música”, como define a sinopse escrita por ela. Explica ainda como cria histórias em quadrinhos na internet. Tudo em um clique, tudo ao mesmo tempo. Ela garante que gosta da escola, está com saudades de reencontrar pessoalmente as amigas no Colégio Rosário, em Porto Alegre. Mas preferia que as aulas fossem no computador.
– Seria mais legal, né? – diz ela, que também ensinou a mãe a criar um twitter e produzir vídeos no programa Movie Maker.
A mãe, a professora Cleonice Guerra, corre atrás para aprender com a filha – e transmitir o aprendizado a seus alunos:
– As crianças já nascem conectadas. Nós somos migrantes, eles são nativos. Se a gente não estiver atualizado, eles passam por cima.
Escolas particulares voltam hoje
Conheça a Geração Y
Pontos positivos
- Inteligência: eles aprendem tudo ao mesmo tempo
- Bom relacionamento: tendem a se relacionar bem e tolerar as diferenças
- Agilidade: são rápidos para resolver o que gostam
- Fidelidade aos seus ideais: eles defendem seus projetos
Riscos
- Exílio: os alunos correm o risco de ficar alienados e exilados em seu mundo no computador. Um dos papéis da escola é ajudá-los a se socializar
- Superficialidade: a velocidade é tão grande que eles refletem pouco sobre as informações. O professor deve ajudá-los
- Inquietação permanente: essa geração está sempre em busca de novos estímulos e pode deixar tarefas incompletas
- Dispersão: em meio a tantos links e possibilidades, os alunos podem se perder
Por onde começar
Professores
- Seja um mediador: ajude seus alunos a selecionar as informações. Oriente, organize o conhecimento
- Atualize-se: não seja analfabeto digital. Aprenda com seus alunos, navegue na rede e aproveite o entusiasmo deles para produzir materiais didáticos em conjunto
- Tente entender como o jovem pensa: às vezes, ele contesta por não entender o porquê daquela tarefa
Pais
- Participe: acompanhe o que seu filho pesquisa na internet e procure orientá-lo
- Estabeleça horários: delimite o tempo para as lições de casa e para brincar. Lembre-se de que o seu filho precisa dormir bem para poder reter na memória o que aprendeu
- Oriente: ajude nas lições de casa, mas nunca faça por eles
Este artigo foi divulgado no http://www.cmconsultoria.com.br/vercmnews.php?codigo=43149
Fonte: Zero Hora Online
Especialistas em educação fazem um alerta: a escola precisa mudar
para acompanhar o ritmo da chamada geração Y
Se um estudante do século 19 voltasse às aulas hoje, como boa parte dos alunos gaúchos, provavelmente se espantaria com o comportamento dos colegas e com a parafernália eletrônica que carregam nas mochilas, mas reconheceria de longe a sala de aula: o quadro negro, as fileiras de classes e a figura do professor à frente da turma lhe pareceriam muito familiares. Enquanto a geração do século 21 nasce plugada e desafia os modelos tradicionais de educação com inéditas formas de pensar e de aprender, a escola que se propõe a ensiná-los pouco se modernizou nesses dois séculos.
Diante do choque inevitável entre alunos digitais e um modelo de ensino analógico, especialistas alertam para um momento de ruptura: se quiserem continuar cumprindo seu papel, as instituições de ensino precisam se reformular. E para isso não adianta apenas investir em laboratórios de informática. É necessário repensar desde a maneira de se relacionar com os alunos até a geografia da sala de aula. Em vez de taxar os alunos de inquietos ou desinteressados, é preciso investigar o porquê dessa aparente apatia.
– Isso que a gente chama de indisciplina, desinteresse, apatia deve ser um motivo para mexer na qualidade da aula. Essa geração fuça, mexe, pluga, implode a escola que tem o modelo de aula dos séculos 18, 19 – adverte o professor e pesquisador Adriano Nogueira, que trabalhou com Paulo Freire e assina com ele diversos livros sobre educação, entre eles Que Fazer? – Teoria e Prática em Educação Popular.
Chamados de geração Y por sociólogos, os nascidos depois de 1980 são identificados por uma inquietação permanente, alimentada pela crescente velocidade das redes a que estão conectados. As mudanças são tão aceleradas que já há quem identifique uma geração Z. Segundo o pedagogo e conferencista Hamílton Werneck, autor de livros como Se Você Finge que Ensina, Eu Finjo que Aprendo, ela seria formada pelos nascidos depois de 1994.
– A Z é uma espécie de geração Y mais turbinada, está muito mais conectada no cyberespaço, e a escola está ficando para trás. O problema é que esses alunos também sofrem os efeitos da dispersão. Eles começam pesquisando sobre o Delta do Rio Parnaíba na internet, entram num link sobre o delta do Nilo, daqui a pouco já estão lendo sobre a última pesquisa do DNA de Tucancamon e não fizeram a pesquisa original. A escola tem um papel importante nessa mediação, ajudando a discernir informação – diz Werneck.
Para Paulo Al-Assal, diretor-geral da Voltage, agência de pesquisa especializada em tendências, com sede em São Paulo, um dos problemas da escola atual é que ela mata a criatividade, ao padronizar alunos em seu modelo fabril. E a criatividade é justamente a principal exigência do futuro.
– Minha filha de oito anos assiste Discovery, Geographic Channel, acessa multiplataformas. Aí vem a professora no primeiro dia de aula e diz: “a pata nada”. Em seu formato atual, a escola mata a criatividade – critica Al-Assal.
Tudo ao mesmo tempo agora
A estudante Daniela Guerra Cotta, 11 anos, ouve em seu iPod as músicas que baixa da internet, conversa no MSN com as amigas enquanto se diverte com o jogo virtual Club Penguin. Orgulhosa, mostra o livro que escreveu e postou no site Bookess. Com o título O Livro Premiado, é uma história com “concursos, romances, paixões secretas, bailes, emoções e música”, como define a sinopse escrita por ela. Explica ainda como cria histórias em quadrinhos na internet. Tudo em um clique, tudo ao mesmo tempo. Ela garante que gosta da escola, está com saudades de reencontrar pessoalmente as amigas no Colégio Rosário, em Porto Alegre. Mas preferia que as aulas fossem no computador.
– Seria mais legal, né? – diz ela, que também ensinou a mãe a criar um twitter e produzir vídeos no programa Movie Maker.
A mãe, a professora Cleonice Guerra, corre atrás para aprender com a filha – e transmitir o aprendizado a seus alunos:
– As crianças já nascem conectadas. Nós somos migrantes, eles são nativos. Se a gente não estiver atualizado, eles passam por cima.
Escolas particulares voltam hoje
Conheça a Geração Y
Pontos positivos
- Inteligência: eles aprendem tudo ao mesmo tempo
- Bom relacionamento: tendem a se relacionar bem e tolerar as diferenças
- Agilidade: são rápidos para resolver o que gostam
- Fidelidade aos seus ideais: eles defendem seus projetos
Riscos
- Exílio: os alunos correm o risco de ficar alienados e exilados em seu mundo no computador. Um dos papéis da escola é ajudá-los a se socializar
- Superficialidade: a velocidade é tão grande que eles refletem pouco sobre as informações. O professor deve ajudá-los
- Inquietação permanente: essa geração está sempre em busca de novos estímulos e pode deixar tarefas incompletas
- Dispersão: em meio a tantos links e possibilidades, os alunos podem se perder
Por onde começar
Professores
- Seja um mediador: ajude seus alunos a selecionar as informações. Oriente, organize o conhecimento
- Atualize-se: não seja analfabeto digital. Aprenda com seus alunos, navegue na rede e aproveite o entusiasmo deles para produzir materiais didáticos em conjunto
- Tente entender como o jovem pensa: às vezes, ele contesta por não entender o porquê daquela tarefa
Pais
- Participe: acompanhe o que seu filho pesquisa na internet e procure orientá-lo
- Estabeleça horários: delimite o tempo para as lições de casa e para brincar. Lembre-se de que o seu filho precisa dormir bem para poder reter na memória o que aprendeu
- Oriente: ajude nas lições de casa, mas nunca faça por eles
Este artigo foi divulgado no http://www.cmconsultoria.com.br/vercmnews.php?codigo=43149
Fonte: Zero Hora Online
quarta-feira, 26 de maio de 2010
domingo, 23 de maio de 2010
PARA REFLETIR....
"Fala-se tanto da necessidade de deixar um planeta melhor para os nossos filhos,e esquece-se da urgência de deixarmos filhos melhores(educados, honestos, responsáveis) para o nosso planeta..."
(autor desconhecido)
(autor desconhecido)
sexta-feira, 14 de maio de 2010
O QUE É PEDAGOGIA
sábado, 12 de julho de 2008
O que é Pedagogia
O primeiro passo para entendermos o que é pedagogia inclui uma revisão terminológica. Precisamos localizar o termo “pedagogia”, e ver o que cai sobre sua delimitação e o que escapa de sua alçada. Para tal, a melhor maneira de agir é comparar o termo “pedagogia” com outros três termos que, em geral, são tomados – erradamente – como seus sinônimos: “filosofia da educação”, “didática” e “educação”.O termo “educação”, ou seja, a palavra que usamos para fazer referência ao “ato educativo”, nada mais designa do que a prática social que identificamos como uma situação temporal e espacial determinada na qual ocorre a relação ensino-aprendizagem, formal ou informal.A relação ensino-aprendizagem é guiada, sempre, por alguma teoria, mas nem sempre tal teoria pode ser explicitada em todo o seu conjunto e detalhes pelos que participam de tal relação – o professor e o estudante, o educador e o educando – da mesma forma que poderia fazer um terceiro elemento, o observador, então munido de uma ou mais teorias a respeito das teorias educacionais. A educação, uma vez que é a prática social da relação ensino-aprendizagem no tempo e no espaço, acaba em um ato e nunca mais se repete. Nem mesmo os mesmos participantes podem repeti-la. Nem podem gravá-la. Nem na memória nem por meio de máquinas. É um fenômeno intersubjetivo de comunicação que se encerra em seu desdobrar. No caso, se falamos de um encontro entre o professor e o estudante, falamos de um fenômeno educacional – que é único. Quando ocorrer outro encontro do mesmo tipo, ele nunca será o mesmo e, enfim, só superficialmente será similar ao anterior.O termo “didática” designa um saber especial. Muitos dizem que é um saber técnico, porque vem de uma área onde se acumulam os saberes que nos dizem como devemos usar da chamada “razão instrumental” para melhor contribuirmos com a relação ensino-aprendizagem. A razão técnica ou instrumental é aquela que faz a melhor adequação entre os meios e os fins escolhidos. A didática é uma expressão pedagógica da razão instrumental. Sua utilidade é imensa, pois sem ela nossos meios escolhidos poderiam, simplesmente, não serem os melhores disponíveis para o que se ensina e se aprende e, então, estaríamos fazendo da educação não a melhor educação possível.Mas a didática depende da pedagogia. Ou seja, depende da área onde os saberes são, em última instância, normas, regras, disposições, caminhos e/ou métodos. O termo “pedagogia”, tomado em um sentido estrito, designa a norma em relação à educação. “Que é que devemos fazer, e que instrumentos didáticos devemos usar, para a nossa educação?” – esta é a pergunta que norteia toda e qualquer corrente pedagógica, o que deve estar na mente do pedagogo.Às vezes tomamos a palavra “pedagogia” em um sentido lato; trata-se da pedagogia como o campo de conhecimentos que abriga o que chamamos de “saberes da área da educação” – como a filosofia da educação, a didática, a educação e a própria pedagogia, tomada então em sentido estrito. Mas, de fato, é em um sentido estrito que a pedagogia nos deve interessar. Pois, quando ampliamos a extensão do termo o que resta pouco nos ajuda a entender o quadro no qual se dá a diferenciação dos saberes relativos ao ensino. A pedagogia, em um sentido estrito, está ligada às suas origens na Grécia antiga. Aqueles que os gregos antigos chamavam de “pedagogo” era o escravo que levava a criança para o local da relação ensino-aprendizagem; não era exclusivamente um instrutor, ao contrário, era um condutor, alguém responsável pela melhoria da conduta geral do estudante, moral e intelectual. Ou seja, o escravo pedagogo tinha a norma para a boa educação; se, por acaso, precisasse de especialistas para a instrução – e é certo que precisava –, conduzia a criança até lugares específicos, os lugares próprios para o “ensino de idiomas, de gramática e cálculo”, de um lado, e para a “educação corporal”, de outro.A concepção que diz que a pedagogia é a parte normativa do conjunto de saberes que precisamos adquirir e manter se quisermos desenvolver uma boa educação, é mais ou menos consensual entre os autores que discutem a temática da educação. Ela, a pedagogia, é aquela parte do saber que está ligada à razão que não se resume à razão instrumental apenas, mas que inclui a razão enquanto razoabilidade; a racionalidade que nos possibilita o convívio, ou seja, a vigência da tolerância e, mesmo, do amor.Ao falarmos, por exemplo, “não seja violento, use da razão”, queremos ser compreendidos como dizendo, “use de métodos de comunicação que são próprios do diálogo” – os métodos e normas da sociedade liberal (ideal). É esse tipo de razão ou racionalidade que conduz, ou produz, a pedagogia. A didática busca meios para que a educação aconteça e, assim, é guiada pela razão técnica ou instrumental, enquanto que a pedagogia busca nortear a educação, e é guiada pela razoabilidade, pela fixação de regras que só se colocam por conta da existência de um ou vários objetivos; no caso, objetivos educacionais, o que é posto como meta e valor em educação. Quem estabelece tais valores?Pedagogia, didática e educação estão ligadas. Mas a filosofia da educação é um saber mais independente, que pode ou não ter um vínculo com os saberes da pedagogia e da didática, ou do saber-prático (e imediato) que faz a educação acontecer. O termo “filosofia da educação” aponta para um tipo de saber que, de um modo amplo, é aquele acumulado na discussão sobre o campo educacional. Faz assim ou para colocar valores e fins e legitimá-los através de fundamentos, ou para colocar valores e fins e legitimá-los através de justificações. Há, portanto, dois grandes tipos de filosofia da educação: a filosofia da educação que serve como fundamentação para a pedagogia e filosofia da educação que serve como justificação.A filosofia da educação não está vinculada somente à razão instrumental ou à razão comunicativa liberal, mas tem como sua produtora a razão enquanto elemento que escolhe fins e, portanto, que valora. Ela pode falar em "valor de verdade" e "valor moral", pode separá-los em campos que se excluem ou não, mas, sempre, vai falar em valor e fins. A razão, aqui, é a razão que diz quais são os objetivos da educação e, então, que explicita se as normas da pedagogia podem ser mantidas ou não, e que normas são essas. Tais normais devem parecer legitimas, caso contrário, pelo menos em princípio, elas não terão seguidores. O que as torna legítimas? Um discurso – o discurso filosófico, a filosofia da educação ou fundacionista ou justificadora. Se a legitimação da pedagogia se dá através de uma metafísica que encontra um fundamento último para que a educação se processe de uma maneira e não de outra, dizemos que a filosofia da educação fundamenta a pedagogia e, conseqüentemente, a educação. Se a legitimação da pedagogia se dá através de um conjunto de argumentos que tentam justificá-la, sem requisitar um ponto arquimediano metafísico, então dizemos que a filosofia da educação justifica a pedagogia e, conseqüentemente, a educação.Se nós acreditamos, por exemplo, no âmbito da filosofia da educação, que “somos iguais porque todos nós somos filhos de Deus” ou que “somos iguais porque somos todos seres humanos” ou que “somos iguais porque todos possuímos, diferentemente dos animais, razão”, podemos então, no âmbito da fixação de normas pedagógicas, dizer que nossa educação “tem como objetivo não destruir nossa igualdade original”. A igualdade baseada na origem divina, ou baseada na noção de ser humano ou na posse de algo que poderia chamar “razão”, funcionam, neste caso, como fundamentos metafísicos para uma pedagogia igualitária. Mas se alguém diz que tal crença metafísica não é algo que podemos crer à luz de crenças mais convincentes, e se nós não queremos abandonar a nossa pedagogia igualitária, então nos cabe ou convencer nosso interlocutor da validade do ponto metafísico (o que implica em refazer o sistema filosófico adotado) ou, então, argumentar de modo a justificar que a igualdade como fim da educação vale a pena, por exemplo, porque ela possibilitará um mundo com menos injustiça, um mundo melhor – usamos aí um argumento pragmático, que não implica qualquer metafísica. Assim, uma mesma pedagogia (uma pedagogia igualitária, por exemplo), pode ter discursos legitimadores diferentes, isto é, filosofias da educação diferentes. Quem legitima a pedagogia pode apelar para a fundamentação ou para a justificação.Uma tal reflexão – a de como a pedagogia se legitima - é própria da “área da filosofia da educação”. É o trabalho próprio aos filósofos da educação. Não raro, é uma discussão que envolve argumentos técnicos em filosofia e, portanto, não produz um saber que possa ser de domínio imediato dos que estão executando a relação ensino-aprendizagem, embora os professores conheçam, ao menos, as máximas filosófico-pedagógicas que escapam do domínio técnico e lhes caem nos ouvidos, e, assim, eles ficam satisfeitos com suas pedagogias. Não raro, uma única máxima filosófico-pedagógica guia uma vida inteira de trabalho de um professor.Que não se tire daí a conclusão que os professores devem apenas saber didática, ou, ao contrário, que vão ser “críticos” e bem mais capazes se souberem filosofia da educação, seja esta fundacionista ou justificadora. O saber de cada professor varia. Uns podem ter uma aptidão melhor para a reflexão filosófica, e serem desajeitados para o trabalho que implica forte aptidão didática, outros podem dominar os trâmites das normas da pedagogia, e não terem gosto pela reflexão da filosofia da educação. Outros, ainda, podem ser práticos, meramente práticos, e se saírem bem em resultados de aproveitamento com os alunos. O importante é que, na formação dos professores, se saiba que empregamos todos os tipos de racionalidades que temos em nossa linguagem (a instrumental, a da tolerância e a que fixa objetivos e valores), e que a formação deve ser harmoniosa, pois tem tudo, em suas vestes originais, para ser harmoniosa – pois fazer educação nos leva, sempre, para os quatro saberes acima apontados, e para o emprego das três formas de racionalidade.A harmonia não vem de separarmos, eqüitativamente, o que cada professor precisa saber em filosofia da educação, pedagogia, didática e ensino (educação). A harmonia vem, sim, da nossa capacidade de termos políticas educacionais que cultivem as instituições de formação de professores que protegem uma cultura onde os quatro saberes acima descritos não fiquem a descoberto, nas mãos de leigos. Tal cultura, sem que seja preciso qualquer reunião formal, será o fator determinante de convergência das conversações, no interior das instituições onde se dá a formação do professor, e ela poderá criar legiões de bons professores, em graus diferentes de aptidões. Isso vale para qualquer instituição de ensino que forma professores.
Postado por Fernanda Azevedo Gomes às 11:03
O que é Pedagogia
O primeiro passo para entendermos o que é pedagogia inclui uma revisão terminológica. Precisamos localizar o termo “pedagogia”, e ver o que cai sobre sua delimitação e o que escapa de sua alçada. Para tal, a melhor maneira de agir é comparar o termo “pedagogia” com outros três termos que, em geral, são tomados – erradamente – como seus sinônimos: “filosofia da educação”, “didática” e “educação”.O termo “educação”, ou seja, a palavra que usamos para fazer referência ao “ato educativo”, nada mais designa do que a prática social que identificamos como uma situação temporal e espacial determinada na qual ocorre a relação ensino-aprendizagem, formal ou informal.A relação ensino-aprendizagem é guiada, sempre, por alguma teoria, mas nem sempre tal teoria pode ser explicitada em todo o seu conjunto e detalhes pelos que participam de tal relação – o professor e o estudante, o educador e o educando – da mesma forma que poderia fazer um terceiro elemento, o observador, então munido de uma ou mais teorias a respeito das teorias educacionais. A educação, uma vez que é a prática social da relação ensino-aprendizagem no tempo e no espaço, acaba em um ato e nunca mais se repete. Nem mesmo os mesmos participantes podem repeti-la. Nem podem gravá-la. Nem na memória nem por meio de máquinas. É um fenômeno intersubjetivo de comunicação que se encerra em seu desdobrar. No caso, se falamos de um encontro entre o professor e o estudante, falamos de um fenômeno educacional – que é único. Quando ocorrer outro encontro do mesmo tipo, ele nunca será o mesmo e, enfim, só superficialmente será similar ao anterior.O termo “didática” designa um saber especial. Muitos dizem que é um saber técnico, porque vem de uma área onde se acumulam os saberes que nos dizem como devemos usar da chamada “razão instrumental” para melhor contribuirmos com a relação ensino-aprendizagem. A razão técnica ou instrumental é aquela que faz a melhor adequação entre os meios e os fins escolhidos. A didática é uma expressão pedagógica da razão instrumental. Sua utilidade é imensa, pois sem ela nossos meios escolhidos poderiam, simplesmente, não serem os melhores disponíveis para o que se ensina e se aprende e, então, estaríamos fazendo da educação não a melhor educação possível.Mas a didática depende da pedagogia. Ou seja, depende da área onde os saberes são, em última instância, normas, regras, disposições, caminhos e/ou métodos. O termo “pedagogia”, tomado em um sentido estrito, designa a norma em relação à educação. “Que é que devemos fazer, e que instrumentos didáticos devemos usar, para a nossa educação?” – esta é a pergunta que norteia toda e qualquer corrente pedagógica, o que deve estar na mente do pedagogo.Às vezes tomamos a palavra “pedagogia” em um sentido lato; trata-se da pedagogia como o campo de conhecimentos que abriga o que chamamos de “saberes da área da educação” – como a filosofia da educação, a didática, a educação e a própria pedagogia, tomada então em sentido estrito. Mas, de fato, é em um sentido estrito que a pedagogia nos deve interessar. Pois, quando ampliamos a extensão do termo o que resta pouco nos ajuda a entender o quadro no qual se dá a diferenciação dos saberes relativos ao ensino. A pedagogia, em um sentido estrito, está ligada às suas origens na Grécia antiga. Aqueles que os gregos antigos chamavam de “pedagogo” era o escravo que levava a criança para o local da relação ensino-aprendizagem; não era exclusivamente um instrutor, ao contrário, era um condutor, alguém responsável pela melhoria da conduta geral do estudante, moral e intelectual. Ou seja, o escravo pedagogo tinha a norma para a boa educação; se, por acaso, precisasse de especialistas para a instrução – e é certo que precisava –, conduzia a criança até lugares específicos, os lugares próprios para o “ensino de idiomas, de gramática e cálculo”, de um lado, e para a “educação corporal”, de outro.A concepção que diz que a pedagogia é a parte normativa do conjunto de saberes que precisamos adquirir e manter se quisermos desenvolver uma boa educação, é mais ou menos consensual entre os autores que discutem a temática da educação. Ela, a pedagogia, é aquela parte do saber que está ligada à razão que não se resume à razão instrumental apenas, mas que inclui a razão enquanto razoabilidade; a racionalidade que nos possibilita o convívio, ou seja, a vigência da tolerância e, mesmo, do amor.Ao falarmos, por exemplo, “não seja violento, use da razão”, queremos ser compreendidos como dizendo, “use de métodos de comunicação que são próprios do diálogo” – os métodos e normas da sociedade liberal (ideal). É esse tipo de razão ou racionalidade que conduz, ou produz, a pedagogia. A didática busca meios para que a educação aconteça e, assim, é guiada pela razão técnica ou instrumental, enquanto que a pedagogia busca nortear a educação, e é guiada pela razoabilidade, pela fixação de regras que só se colocam por conta da existência de um ou vários objetivos; no caso, objetivos educacionais, o que é posto como meta e valor em educação. Quem estabelece tais valores?Pedagogia, didática e educação estão ligadas. Mas a filosofia da educação é um saber mais independente, que pode ou não ter um vínculo com os saberes da pedagogia e da didática, ou do saber-prático (e imediato) que faz a educação acontecer. O termo “filosofia da educação” aponta para um tipo de saber que, de um modo amplo, é aquele acumulado na discussão sobre o campo educacional. Faz assim ou para colocar valores e fins e legitimá-los através de fundamentos, ou para colocar valores e fins e legitimá-los através de justificações. Há, portanto, dois grandes tipos de filosofia da educação: a filosofia da educação que serve como fundamentação para a pedagogia e filosofia da educação que serve como justificação.A filosofia da educação não está vinculada somente à razão instrumental ou à razão comunicativa liberal, mas tem como sua produtora a razão enquanto elemento que escolhe fins e, portanto, que valora. Ela pode falar em "valor de verdade" e "valor moral", pode separá-los em campos que se excluem ou não, mas, sempre, vai falar em valor e fins. A razão, aqui, é a razão que diz quais são os objetivos da educação e, então, que explicita se as normas da pedagogia podem ser mantidas ou não, e que normas são essas. Tais normais devem parecer legitimas, caso contrário, pelo menos em princípio, elas não terão seguidores. O que as torna legítimas? Um discurso – o discurso filosófico, a filosofia da educação ou fundacionista ou justificadora. Se a legitimação da pedagogia se dá através de uma metafísica que encontra um fundamento último para que a educação se processe de uma maneira e não de outra, dizemos que a filosofia da educação fundamenta a pedagogia e, conseqüentemente, a educação. Se a legitimação da pedagogia se dá através de um conjunto de argumentos que tentam justificá-la, sem requisitar um ponto arquimediano metafísico, então dizemos que a filosofia da educação justifica a pedagogia e, conseqüentemente, a educação.Se nós acreditamos, por exemplo, no âmbito da filosofia da educação, que “somos iguais porque todos nós somos filhos de Deus” ou que “somos iguais porque somos todos seres humanos” ou que “somos iguais porque todos possuímos, diferentemente dos animais, razão”, podemos então, no âmbito da fixação de normas pedagógicas, dizer que nossa educação “tem como objetivo não destruir nossa igualdade original”. A igualdade baseada na origem divina, ou baseada na noção de ser humano ou na posse de algo que poderia chamar “razão”, funcionam, neste caso, como fundamentos metafísicos para uma pedagogia igualitária. Mas se alguém diz que tal crença metafísica não é algo que podemos crer à luz de crenças mais convincentes, e se nós não queremos abandonar a nossa pedagogia igualitária, então nos cabe ou convencer nosso interlocutor da validade do ponto metafísico (o que implica em refazer o sistema filosófico adotado) ou, então, argumentar de modo a justificar que a igualdade como fim da educação vale a pena, por exemplo, porque ela possibilitará um mundo com menos injustiça, um mundo melhor – usamos aí um argumento pragmático, que não implica qualquer metafísica. Assim, uma mesma pedagogia (uma pedagogia igualitária, por exemplo), pode ter discursos legitimadores diferentes, isto é, filosofias da educação diferentes. Quem legitima a pedagogia pode apelar para a fundamentação ou para a justificação.Uma tal reflexão – a de como a pedagogia se legitima - é própria da “área da filosofia da educação”. É o trabalho próprio aos filósofos da educação. Não raro, é uma discussão que envolve argumentos técnicos em filosofia e, portanto, não produz um saber que possa ser de domínio imediato dos que estão executando a relação ensino-aprendizagem, embora os professores conheçam, ao menos, as máximas filosófico-pedagógicas que escapam do domínio técnico e lhes caem nos ouvidos, e, assim, eles ficam satisfeitos com suas pedagogias. Não raro, uma única máxima filosófico-pedagógica guia uma vida inteira de trabalho de um professor.Que não se tire daí a conclusão que os professores devem apenas saber didática, ou, ao contrário, que vão ser “críticos” e bem mais capazes se souberem filosofia da educação, seja esta fundacionista ou justificadora. O saber de cada professor varia. Uns podem ter uma aptidão melhor para a reflexão filosófica, e serem desajeitados para o trabalho que implica forte aptidão didática, outros podem dominar os trâmites das normas da pedagogia, e não terem gosto pela reflexão da filosofia da educação. Outros, ainda, podem ser práticos, meramente práticos, e se saírem bem em resultados de aproveitamento com os alunos. O importante é que, na formação dos professores, se saiba que empregamos todos os tipos de racionalidades que temos em nossa linguagem (a instrumental, a da tolerância e a que fixa objetivos e valores), e que a formação deve ser harmoniosa, pois tem tudo, em suas vestes originais, para ser harmoniosa – pois fazer educação nos leva, sempre, para os quatro saberes acima apontados, e para o emprego das três formas de racionalidade.A harmonia não vem de separarmos, eqüitativamente, o que cada professor precisa saber em filosofia da educação, pedagogia, didática e ensino (educação). A harmonia vem, sim, da nossa capacidade de termos políticas educacionais que cultivem as instituições de formação de professores que protegem uma cultura onde os quatro saberes acima descritos não fiquem a descoberto, nas mãos de leigos. Tal cultura, sem que seja preciso qualquer reunião formal, será o fator determinante de convergência das conversações, no interior das instituições onde se dá a formação do professor, e ela poderá criar legiões de bons professores, em graus diferentes de aptidões. Isso vale para qualquer instituição de ensino que forma professores.
Postado por Fernanda Azevedo Gomes às 11:03
terça-feira, 4 de maio de 2010
segunda-feira, 3 de maio de 2010
quinta-feira, 15 de abril de 2010
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sábado, 16 de janeiro de 2010
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